terça-feira, 5 de maio de 2009

O REINO PLANTAE

Reino Plantae

O Reino Plantae tem sido, ao longo do tempo, definido de várias maneiras diferentes. Inicialmente, Lineu definiu o reino Plantae incluindo todos os tipos de plantas "superiores", as algas e os fungos.

Aristóteles dividia todos os seres vivos em plantas (sem capacidade motora ou órgãos sensitivos), e em animais - esta definição foi aceita durante muito tempo.

Representantes do reino Plantae: uma Hepatophyta do gênero Marchantia, uma Pterophyta do Gênero Asplenium (samambaia), uma Coniferophyta da espécie Araucaria angustifolia, e uma Anthophyta do gênero Sisyrinchium.

A classificação biológica mais moderna – a cladística – procura enfatizar as relações evolutivas entre os organismos: idealmente, um taxon (ou clado) deve ser monofilético, ou seja, todas as espécies incluídas nesse grupo devem ter um antepassado comum.

Com este novo conceito de classificação moderna, as plantas passaram a ser definidas como um grupo monofilético de organismos eucarióticos que fotossintetizam usando os tipos de clorofila a e b, presente em cloroplastos (organelas com uma membrana dupla) e armazenam os seus produtos fotossintéticos, tal como o amido. As células destes organismos são, também, revestidas de uma parede celular constituída essencialmente por celulose.

Assim, as algas não são mais classificadas como pertencentes ao Reino Plantae. As algas compreendem diferentes grupos de organismos que produzem energia através da fotossíntese, cada um dos quais evoluindo independentemente de ancestrais não-fotossintéticos diferentes. As mais conhecidas são as macroalgas, algas multicelulares que podem se assemelhar vagamente a plantas terrestres, mas classificadas como algas verdes, vermelhas e pardas. Cada um destes grupos inclui também vários organismos microscópicos e unicelulares.

De acordo com esta definição, ficam fora do Reino Plantae as algas e muitos seres autotróficos unicelulares ou coloniais, atualmente agrupados no Reino Protista, assim como as bactérias e os fungos, que constitutem os seus próprios reinos.

Atualmente, as Plantas compreendem três divisões de Bryophyta (musgos, hepáticas e antóceros) e nove divisões de plantas vasculares. Estes organismos são todos fotossintetizantes e adaptados para a vida terrestre. Seus ancestrais eram algas verdes especializadas.

Todas as plantas são pluricelulares e compostas por células eucariontes, com vacúolos e com paredes de celulose. Seu principal meio de nutrição é a fotossíntese. Durante a evolução das plantas no meio terrestre ocorreu diferenciação estrutural, com surgimento de órgãos especializados para fotossíntese, fixação e sustentação.

A reprodução das plantas é primariamente sexuada, com ciclos de alternância de gerações haplóide e diplóide.

As divisões que compõe o Reino Plantae são:

Plantas avasculares: Hepatophyta, Anthocerophyta, Bryophyta;

Plantas vasculares: Psilotophyta, Lycophyta, Sphenophyta, Pterophyta, Coniferophyta, Cycadophyta, Ginkgophyta, Gnetophyta, Anthophyta.

O grupo das Briófitas

Este grupo, que contém os organismos genericamente chamado de musgos, compreende três divisões: HEPATOPHYTA, ANTHOCEROPHYTA e BRYOPHYTA.

Exemplos de plantas genericamente conhecidas como musgos ou briófitas.

O grupo das briófitas (ou plantas avasculares) apresenta algumas características marcantes:

- Não possuem sistema de condução de seivas (o transporte dentro da planta é feito por difusão célula a célula);
- Apresentam rizóides, caulóide e filóides (órgãos não verdadeiros).
- Transporte lento;
- O tamanho da planta é reduzido;
- Alta dependência da água (ambientes úmidos).

Apresenta alternância de gerações, com uma característica importante: o gametófico é a geração duradoura, com o esporófito (geração efêmera) crescendo sobre o gametófito. Nas pteridófitas, gimnospermas e angiospermas, ocorre o contrário.

Características gerais das briófitas:
- Primeiro grupo de plantas terrestres. Conquista ocorreu aproximadamente a 430 milhões de anos (Período Devoniano, Era Paleozóica).
- Origem provável a partir de algas verdes.

Semelhanças com as algas verdes:
1- pigmento fotossintético principal: clorofila a. Pigmentos acessórios: clorofila b e carotenóides.
2- Ambos armazenam amido em seus cloroplastos, enquanto outros organismos fotossintetizantes armazenam amido fora dos cloroplastos.
3- As plantas formam fragmoplasto durante a divisão celular. Esta característica é encontrada apenas em alguns grupos de algas verdes, além das plantas terrestres. Todas as plantas terrestres apresentam as características acima = indicação de ancestral comum.

- Briófitas são vegetais que não possuem raízes, caule e folhas verdadeiros. O corpo das briófitas é formado por rizóides, caulídios e filídios. Os filídios são uniestratificados. Podem ou não apresentar “costa” (região central com mais de uma camada de células).
- Não possuem sistema vascular. As substâncias são transportadas por difusão célula a célula. Transporte pelo corpo do vegetal muito lento.
- Por este motivo, são plantas de pequeno porte (poucos centímetros).
- Devido ao transporte lento, estas plantas ocorrem apenas em ambientes úmidos, pois em ambientes secos, as partes aéreas perderiam muita água (transpiração) e não conseguiriam repor esta água com velocidade suficiente (desidratação).
- Apresentam alternância de gerações heteromórficas (característica geral do Reino Plantae). Uma geração gemetofítica e outra esporofítica.
- São oogâmicas (gameta feminino grande e imóvel e gameta masculino pequeno e móvel).
- Apresentam embrião, que é nutricionalmente dependente do gametófito.
- A geração duradoura é a gametofítica (haplóide), diferente das outras plantas terrestres.
- Os gametófitos produzem os gametas e fazem fotossíntese. Os gametófitos dos musgos são dióicos. Raramente são monóicos.
- O esporófito (diplóide e produtor de esporos) se desenvolve sobre o gametófito e depende nutricionalmente do mesmo.
- Gametófito (fotossintetizante), fornece alimento ao esporófito.
- O esporófito tem um tempo de vida muito curto em relação ao gametófito (geração efêmera).


A transição da água para a terra foi possível por causa do desenvolvimento de características para evitar a dessecação:
- Camada externa estéril, protetora das células reprodutivas. Anterozóide (gameta masculino) protegido pelo anterídio. Oosfera (gameta feminino) protegida pelo arquegônio.
- Camada protetora estéril também envolve as células produtoras de esporos (esporângios).
- Presença de cutícula (cera) e estômatos (aberturas responsáveis pelas trocas gasosas).


- As briófitas englobam três divisões de plantas:
HEPATOPHYTA, ANTHOCEROPHYTA e BRYOPHYTA.

Características comuns entre as 3 divisões:
- Anterozóides flagelados (dois flagelos). Capacidade de natação até a oosfera (dentro do arquegônio). Necessita da água para a fecundação.
- Arquegônio em forma de garrafa: longo pescoço com base dilatada (ventre). No ventre se encontra a oosfera.
- As células do canal do “pescoço” desintegram-se quando o arquegônio amadurece, formando um tubo com substância mucilaginosa em seu interior, por onde passa o anterozóide.
- Após a fecundação, o zigoto é retido no interior do arquegônio, onde se desenvolve o embrião.

Divisão Hepatophyta

Os membros desta divisão são comumente chamados de hepáticas.

Marchantia, uma hepática talosa.
Frullania, uma hepática folhosa.

- Fazem parte desta divisão aproximadamente 8000 espécies.
- Conhecidas como “fígado”, devido à semelhança do contorno do gametófito com um fígado. Pensava-se, por isso, que estas plantas poderiam ser utilizadas para tratamento de doenças hepáticas.
- Em ambientes úmidos, formam extensos tapetes, recobrindo rochas e troncos.
- São as mais simples de todas as plantas (Reino Plantae) vivas. Não apresentam células especializadas em condução, nem cutícula, nem estômatos.
- Altamente dependentes da água.
- Os esporângios (cápsulas) apresentam várias formas de liberação de esporos.
- Os rizóides destas plantas são unicelulares e não ramificados.
- O protonema (estrutura formada logo após a germinação do esporo) é reduzido a duas ou três células.
- Esporófitos com paredes celulares finas, que se mantém rígidas por causa da pressão de turgor das células.
- No interior do esporângio, juntamente com os esporos, existem elatérios, estruturas que ajudam na dispersão dos esporos. São formadas por células higroscópicas, em forma de molas.
- Esporângios são liberados por quatro fendas longitudinais e os esporos são todos liberados ao mesmo tempo.
- Filídios são uniestratificados e não apresentam costa.

Estão divididas em:

Hepáticas talosas e hepáticas folhosas

Hepáticas Talosas

Grupo pertencente à Divisão Hepatophyta.

Aspecto do talo de Marchantia

- Apresentam o corpo achatado dorsiventralmente.
- O talo é diferenciado em uma porção dorsal fina (adaxial) rica em clorofila e uma porção mais ventral (abaxial) espessa, incolor, especializada em armazenamento.
- Porção abaxial forma escamas e rizóides.
- Porção adaxial é dividida em regiões, que correspondem a câmaras aeríferas, cada uma com um poro para trocas gasosas (diferentes de estômatos).
- Gênero mais comum é Marchantia, que ocorre no mundo todo, em regiões úmidas. No Brasil, típico de Mata Atlântica.
- Seu gametófito apresenta ramificação do tipo dicotômica, com poucos centímetros de comprimento.
- Gametófitos são monóicos (femininos e masculinos) e podem ser facilmente diferenciados pelas estruturas que carregam:
1- anterídios nascem de hastes com cabeça em forma de disco (anteridióforos).
2- arquegônios se formam em hastes com cabeça em forma de guarda-chuva (arquegonióforos). Os esporófitos formam-se sobre esta estrutura.

1. anterídio (Marchantia)
2. arquegônio (Marchantia)

O gametófito apresenta gemas (os conceptáculos, estruturas em forma de cálice) que são liberadas pela água da chuva e podem desenvolver novos gametófitos geneticamente idênticos à planta que lhe deu origem.
- Reprodução assexuada também pode ocorrer por meio de fragmentação.
- Presença de elatérios.

Talo de Marchantia, com anterídios e arquegônios.
Hepáticas Folhosas

Grupo pertencente à Divisão Hepatophyta.

- Grupo bastante diverso, com cerca de 6000 espécies. Mais comuns do que as talosas.

Uma hepática folhosa da espécie Plagiochila aspleniodes.


- Típicas de regiões tropicais (alta umidade).
- Plantas bem ramificadas, formando pequenos emaranhados.
- Gametófito apresentam geralmente de 1 a 5 cm e cresce prostrado e achatado.
- Com freqüência possuem duas fileiras de filídios largos, uma de cada lado do caulídio, e uma terceira fileira de filídios pequenos (anfigástros), na superfície inferior.

Hepática folhosa do gênero Frullania.


- Filídios uniestratificados, com células não diferenciadas e sem costa.
- Filídios freqüentemente bilobados.
- Rizóides unicelulares espalhados na superfície ventral do caulídio.
- Plantas podem ser unissexuais ou bissexuais.
- Anterídios originam-se aos lados dos caulídios, circundados por filídios (androécio).
- Arquegônios comumente produzidos nos ápices de caulídios ou sobre curtos ramos laterais. Circundados por uma bainha de filídios (perianto).
- Esporófito apresenta longa seta hialina, que eleva a cápsula produtora de esporos acima do perianto.
- Cápsula produz esporos e elatérios.
- Cápsula se abre em quatro valvas para a dispersão dos esporos.

Classe Bryidae (ou Bryopsida)

Conhecidos como os musgos verdadeiros. Pertencem à Divisão Bryophyta.

Imagem de uma musgo verdadeiro - Classe Bryidae

- As células do protonema ocorrem em uma camada simples, com ramificações que lembram algas verdes filamentosas.
- Nos musgos verdadeiros, o gametófito é folhoso e geralmente ereto.
- Os filídios se dispõem de forma espiralada ao redor do caulídio, em gametófitos adultos.
- Os gametófitos de musgos variam de 0,5 mm a 50 cm ou mais de comprimento.
- Todos apresentam rizóides multicelulares.
- O caulídio apresenta uma única camada de células (espessura), exceto na região da costa (ausente em alguns gêneros).
- Alguns musgos apresentam um filamento central com células especializadas na condução de água, os hidróides.
- Hidróides são células alongadas, com paredes delgadas e altamente permeáveis à água. Ausência de protoplasto vivo.
- Alguns gêneros de musgos apresentam elementos crivados (células condutoras de alimentos). Estas dispõe-se ao redor dos hidróides. Lembram as células condutoras de plantas vasculares sem sementes (pteridófitas).
- Ao contrário dos hidróides, os elementos de tubo crivado apresentam cloroplastos quando adultos.
- Os anterídios são protegidos dentro de estruturas folhosas chamadas rosetas.
- Anterozóides dispersados por água (chuva, orvalho). Insetos também podem carregar água com anterozóides de planta para planta. Dispersão muito eficiente.
- Existem dois padrões de crescimento para os gametófitos:
1- ereto e sem ramificações. Geralmente esporófitos terminais;
2- rastejantes, ramificados, formando pinas (pinados). Esporófitos laterais.

Os esporófitos (cápsula que contém os esporos) das briófitas nascem sobre os gametófitos (estrutura que contém os rizóides, caulídios e filídios).

- Podem ser monóicos ou dióicos, dependendo da espécie.
- Os esporófitos nascem sobre os gametófitos.
- O esporogônio ou cápsula forma-se na extremidade de uma seta ou haste.

Detalhe das cápsulas na extremidade das hastes (ou setas).


- Células de esporófitos geralmente apresentam cloroplastos (fazem fotossíntese). Entretanto, perdem esta capacidade à medida que amadurecem.
- Sua coloração anteriormente verde, passa a ser castanha.
- Caliptra: estrutura protetora que recobre a cápsula.
- Antes da liberação dos esporos, a caliptra cai.
- Em seguida, o opérculo ou “tampa” da cápsula explode para a liberação dos esporos.
- Quando o opérculo é liberado, torna-se visível o peristômio, anel de dentes que cerca a abertura da cápsula. Ausente nas outras classes de musgos.
- O movimento dos dentes do peristômio de acordo com a umidade do ar, fazem a dispersão gradual dos esporos.
- Cada cápsula pode conter até 50 milhões de esporos haplóides.
- Reprodução sexuada pela emissão de gemas ou por fragmentação.

Classe Sphagnidae

Também conhecidos como os musgos de turfeiras. Pertencem à Divisão Bryophyta.

O musgo esfagno, do gênero Sphagnum, em ambiente natural.

- Apresenta apenas um gênero com aproximadamente 350 espécies: gênero Sphagnum.
- Os caulídios de seus gametófitos produzem tufos de ramos, freqüentemente cinco ramos em cada nó.
- Gametófitos são originados de protonemas talosos em vez de filamentosos, e formam botões em suas margens, originando os gametófitos folhosos.
- Filídios sem costa e adultos não apresentam rizóides.
- Típicos de locais pantanosos, onde são eretos e adquirem consistência túrgida.
- Os filídios são incomuns: apresentam células mortas grandes, rodeadas de células vivas e clorofiladas, menores.
- As células mortas têm grande capacidade de absorção de água (20 x seu peso seco).
- Por isso, foi utilizado para curativos em machucados e furúnculos.
-
São muito usados no mundo inteiro para jardinagem. Acrescenta-se esfagno em vasos, principalmente de orquídeas e outras plantas que necessitam de grande quantidade de umidade, por causa do seu alto poder de retenção de água.

Musgo esfagno sendo utilizado no cultivo de orquídeas para reter umidade junto à planta (este da foto foi comprado já desidratado em uma loja de artigos para jardim).


- A cápsula apresenta dispersão por explosão, liberando uma nuvem de esporos.

O musgo esfagno, do gênero Sphagnum. Observar a presença das cápsulas.

Plantas vasculares

As plantas vasculares englobam os grupos genericamente conhecidos como pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.

Exemplos de plantas vasculares: o xaxim (Dicksonia sellowiana), uma pteridófita, o pinheiro (Araucaria angustifolia), uma gimnosperma e a azaléia (Rhododendron simsii), uma angiosperma.

Mais precisamente, são plantas vasculares as seguintes divisões: Psilotophyta, Lycophyta, Sphenophyta, Pterophyta, Coniferophyta, Cycadophyta, Ginkgophyta, Gnetophyta, Anthophyta.

O grupo das briófitas é avascular, ou seja, não possuem elementos para condução de seiva. Por este motivo, são plantas de tamanho muito reduzido.

Com o passar do tempo, surgiu um avanço evolutivo importante, que permitiu um aumento de tamanho de algumas plantas. Esse avanço foi o aparecimento de sistemas condutores eficientes, consistindo em xilema e floema. Estes elementos solucionaram o problema de condução de água e alimento através da planta.

Muitos botânicos acreditam que a aquisição da habilidade de sintetizar lignina, incorporada às paredes celulares das células de sustentação e de células condutoras de água, foi um passo fundamental para a evolução das plantas.

As primeiras plantas terrestres possuiam partes aéreas e subterrâneas pouco diferenciadas. Aos poucos, as plantas desenvolveram raízes, que funcionavam na absorção de fixação, e em sistema caulinar, que funcionavam para aquisição de energia da luz do sol, de dióxido de carbono da atmosfera e de água, tornando-se um sistema muito bem adaptado à vida terrestre.

Seguindo a linha evolutiva, surgiram as plantas com sementes. As sementes protegem o embrião durante o processo de dispersão e período de dormência, e depois nutre o esporófito durante o período de germinação e estabelecimento da plântula como indivíduo independente. Assim, as plantas tornaram-se capazes de sobreviver em condições ambientais cada vez mais desfavoráveis.

As plantas vasculares, como dito no início do texto, são divididas em nove divisões. Mas popularmente, são divididas em três grandes grupos:

- Pteridófitas ou samambaias: são plantas vasculares, sem sementes, flores ou frutos. Divisões: Psilotophyta, Lycophyta, Sphenophyta e Pterophyta.

- Gimnospermas ou pinheiros: são plantas vasculares, com sementes reunidas em cones, mas sem frutos. Divisões: Coniferophyta, Cycadophyta, Ginkgophyta e Gnetophyta.

- Angiospermas: são plantas vasculares, com sementes, flores verdadeiras e frutos. Divisão Anthophyta.

Clique nas próximas páginas e navegue pelas informações sobre estes grupos.

Plantas Vasculares sem Sementes

São as plantas conhecidas genericamente como pteridófitas, samambaias e avencas.

Exemplos de plantas vasculares sem sementes: uma avenca e uma samambaia. Foto: Silvia Schaefer

São plantas que conseguiram atingir um tamanho maior do que as primeiras plantas terrestres (briófitas) devido ao surgimentos dos elementos condutores de seiva através da planta. Entretanto, seu sistema reprodutivo ainda é simples, e parcialmente dependente da água, pois não possuem nem sementes, nem flores e nem frutos.

O corpo das plantas vasculares sem sementes já apresentam organização em tecidos, mostrando raízes, caules e folhas verdadeiros.

Existem três divisões de plantas vasculares sem sementes, Rhyniophyta, Zosterophyllophyta e Trimerophyta dominaram a Terra no Período Devoniano e tormaram-se extintas no final deste período (cerca de 360 milhões de anos atrás). Estas plantas eram relativamente simples em sua estrutura.

A quarta divisão de plantas vasculares sem sementes, Progimnospermophyta ou pró-gimnospermas, também extinta, provavelmente originou as plantas com sementes, as gimnospermas e angiospermas.

Além destas quatro divisões mencionadas e já extintas, existem quatro divisões que possuem representantes atuais: Psilotophyta, Lycophyta, Sphenophyta e Pterophyta. Estas divisões serão discutidas nas próximas páginas.

Estas plantas (samambaias, licofitas, esfenofitas e pró-gimnospermas) apresentam estruturas mais complexas, e dominaram a vegetação da Terra a partir do Período Devoniano Superior até o fim do Período Carbonífero, de cerca de 380 até 290 milhões de anos atrás.

A partir da Era Mesozóica até em torno de 100 milhões de anos atrás, as gimnospermas passaram a dominar a flora terrestre.

As plantas com flores (angiospermas) apareceram cerca de 127 milhões de anos atrás, e tem permanecido como a flora dominantes desde então.

O grupo das pteridófitas:

• A partir desse grupo, as plantas começam a desenvolver um sistema vascular, no entanto este ainda esta longe da complexidade atingida nas angiospermas (lignificação).
• As Pteridófitas, Gimnospermas e Angiospermas, formam o grupo das Traqueófitas.
• A presença de sistema vascular nas traqueófitas, proporcionou grau maior de independência da água: transporte rápido e eficiente.
• O tamanho das pteridófitas é bem maior em relação ao das briófitas (que apresenta sistema avascular).
• As primeiras plantas vasculares não possuíam raízes nem folhas, foi somente com a especialização que estas estruturas foram lentamente aparecendo.
• As pteridófitas não apresentam flor, semente ou fruto.
• Reprodução: produção de esporos, formados no interior dos esporângios, reunidos em soros.

• Todas as plantas vasculares são oogâmicas (uma oosfera grande e anterozóides numerosos e diminutos, algumas vezes flagelados);

• Os esporos das plantas podem ser divididos em:
- Homosporados - produzem gametófitos bissexuados (com anterídios e arquegônios)

Para evitar a autofecundação, os arquegônios e os anterídios geralmente amadurecem em épocas diferentes;

Encontrados em Psilotophyta, Sphenophyta (cavalinha), algumas Lycophyta e quase todas as samambaias;

- Heterosporados – esporos masculinos e femininos que, ao germinarem, dão origem a gametófitos unissexuados (M e F);

Encontrados em algumas Lycophyta, em umas poucas samambaias e em todas as plantas com sementes;

As principais divisões das plantas vasculares sem sementes são Psilotophyta, Lycophyta, Sphenophyta, e Pterophyta.

DIVISÃO PSILOTOPHYTA

Plantas pertencentes ao grande grupo das pteridófitas, que possuem estrutura corpórea muito simples;.

Exemplar do gênero Psilotum

• Inclui dois gêneros: Psilotum e Tmesipteris;

Gênero Psilotum:

• Psilotum apresenta distribuição tropical e subtropical enquanto Tmesipteris é restrito ao sul do Pacifico.

• É o único entre as vasculares atuais que não apresentam raízes nem folhas;

• O esporófito (planta adulta) consiste em uma porção aérea dicotomicamente ramificada com apêndices pequenos em forma de escamas e uma porção subterrânea ramificada;

Observe o crescimento dicotômico (cada ramo divide-se em dois) da planta do espécie Psilotum nudum

• Os esporângios (estruturas que formam os esporos) são formados nas terminações dos ramos;

Imagem do esporângio. Estágio reprodutivo de Psilotum nudum. Estrutura com aproximadamente 1 mm de comprimento.

• Após a germinação, os esporos dão origem a gametófitos bissexuados (monóicos);

• Os anterozóides (gametas masculinos) são multiflagelados, necessitando de água para nadar até a oosfera. Por isso ainda apresentam certo grau de dependência da água para sobreviver.

Gênero Tmesipteris:

• São plantas epífitas, ou seja, vivem sobre outras plantas;

• Apresentam apêndices em forma de folhas.

Exemplar da espécie Tmesipteris lanceolata, crescendo sobre o tronco de uma árvore.

DIVISÃO LYCOPHYTA

- Existem várias espécies de Lycophyta extintas, muitas delas arbóreas, que predominaram a aproximadamente 360 milhões de anos, no Período Carbonífero (era Paleozóica). Sua extinção aconteceu no final da era Paleozóica, no período Permiano (aproximadamente 248 milhões de anos), época em que surgiram as primeiras coníferas.

- Todas as Lycophyta, atuais e fósseis, possuem microfilos, um tipo de folha altamente característico da divisão.
- As três famílias atuais de Lycophyta são basicamente ervas. São elas:
Lycopodiaceae, Selaginellaceae e Isoetaceae.

Lycopodiaceae

- A maioria das 400 espécies é tropical. Entretanto, suas espécies são distribuídas desde as regiões árticas, até as tropicais. Maior parte é epífita.
- O esporófito (planta adulta) consiste de um rizoma (tipo de caule típico de pteridófitas) ramificado que ramos aéreos e raízes.
- Em geral, os microfilos são dispostos espiraladamente ao redor dos ramos.

Membro da família Lycopodiaceae, espécie Lycopodium clavatum. Observar os estróbilos na extremidade dos ramos


- Os esporângios ocorrem na parte superior dos microfilos (que neste momento são chamados de esporofilos: folhas que contém esporângios). Exceto em Lycopodium, que apresenta estróbilos nas extremidades dos ramos.
- São homosporadas. Após a germinação dos esporos, formam-se gametófitos bissexuados. A água ainda é necessária para a fecundação (anterozóide biflagelado).

Selaginellaceae

- Selaginella é o único gênero desta família.

Representante do gênero Selaginella.


- Maioria das espécies com distribuição tropical. Algumas de deserto, tornando-se dormentes nas épocas mais quentes.
- O esporófito é herbáceo apresenta micrófilos, formando estróbilos.
- São heterosporadas, com gametófitos unissexuados.
- Anterozóides biflagelados (dependência da água).

Suas pequenas folhas (os microfilos) são dispostos na face dorsal (duas fileiras com folhas maiores) e na face ventral (duas fileiras com folhas bem reduzidas)

Selaginella novae. Observar o detalhe dos microfilos dorsais e ventrais.

Selaginella trisulcata
Selaginella arbuscula

Isoetaceae

- Único membro da família é o gênero Isoetes. Podem ser aquáticas ou viver em locais alagados em certas épocas do ano.

Isoetes gunnii.


- O esporófito consiste de um caule subterrâneo, curto e suculento (cormo), do qual partem os microfilos.
- Este cormo é originado a partir de um câmbio, responsável pelo crescimento secundário. Importante característica que diferencia esta família das outras Lycophyta.
- São heterosporados, formando gametófitos unissexuados.
- Algumas plantas de altas altitudes têm a característica de extrair seu carbono para a fotossíntese a partir do sedimento, e não a partir da atmosfera. Suas folhas praticamente não apresentam estômatos, possuem cutícula espessa e basicamente não fazem trocas gasosas com a atmosfera.

Isoetes melanospora

Divisão Sphenophyta

São as plantas conhecidas como cavalinhas.

Plantação da planta medicinal conhecida como cavalinha, do gênero Equisetum, Divisão Sphenophyta.

- Assim como as Lycophyta, esta divisão ocorre desde o período Devoniano (Era Paleozóica). Durante o período Devoniano e Carbonífero, estavam representadas pelas Calamites (árvores de 18 m de altura). Atingiram sua diversidade e abundancia máxima no final da Era Paleozóica (cerca de 300 milhões de anos). Neste momento, surgiram as Equisetites, plantas semelhantes ao atual gênero Equisetum, único gênero atual desta divisão. Equisetum pode ser o gênero de plantas mais antigo sobrevivendo na Terra.
- Comparativo: representantes desta divisão são mais antigos que os dinossauros, que surgiram no Triássico (Era Mesozóica) a 248 milhões de anos.

- As cavalinhas são típicas de locais úmidos, encharcados ou à margem das florestas.
- Apresentam nós e entrenós bem evidentes, de onde partem as pequenas folhas em forma de escamas. Os ramos, quando surgem, são formados de forma alternada com as folhas.

Nós (região escura) e entrenós (ramo verde) da planta cavalinha, do gênero Equisetum. Observar as pequenas folhas em forma de escamas que partem dos nós.


- Os entrenós apresentam estrias rígidas e os caules aéreos partem de rizomas (subterrâneos).

Cavalinha (gênero Equisetum). Observar as estrias dos entrenós.


- São plantas homosporadas e os estróbilos são formados na extremidade do caule. Os anterozóides são multiflagelados e necessitam de água para nadar até a oosfera.

Estróbilos de Equisetum, conhecido popularmente como cavalinha.

É uma planta medicinal:

Suas propriedades adstringentes e diuréticas, auxiliam no tratamento da gonorréia, diarréias, infecções de rins e bexiga, estimulam a consolidação de fraturas ósseas, agem sobre as fibras elásticas das artérias, atuam em casos de inflamação e inchaço da próstata, aceleram o metabolismo cutâneo, estimulam a cicatrização e aumentam a elasticidade de peles secas, sendo indicada ainda para o combate de hemorragias ou cãibras, úlceras gástricas e anemias.

É usada também como hidratante profundo, ajuda a evitar varizes e estrias, limpa a pele, fortalece as unhas, dá brilho aos cabelos, auxilia no tratamento da celulite e também da acne.

Com fins ornamentais é utilizada na composição da flora de lagos decorativos, em áreas brejosas, etc.

Divisão Pterophyta

São as samambaias e avencas.

Imagem de uma samambaia, divisão Pterophyta. Foto: Silvia Schaefer

Avenca e samambaia com soros. Foto: Silvia Schaefer

- Plantas abundantes desde o Período Carbonífero (Era Paleozóica) até os dias de hoje. É o segundo maior grupo de plantas, com 11000 espécies, perdendo apenas para as plantas com flores.
- ¾ das espécies são encontradas nos trópicos. Destas, cerca de 1/3 são epífitas.
- Existem também as espécies arboriformes, como o xaxim, podendo atingir 24m de altura, com folhas de mais de 5m. Apesar disso, os tecidos vegetais são inteiramente de origem primária.

Xaxim. Uma Pteridófita, também conhecida como samambaiaçú. Espécie: Dicksonia sellowiana, da família Dicksoniaceae. Foto: Silvia Schaefer


- Em geral homosporadas. Heterósporos ocorrem apenas nas aquáticas.
- O caule, em geral, é um rizoma subterrâneo, exceto em espécies eretas.
- As raízes se formam na porção inferior de um caule aéreo ou na superfície inferior do rizoma.
- As folhas (megáfilos) são chamadas de fronde e apresentam pecíolo e lâmina, que pode ser inteira ou pinada. A continuação do pecíolo na lâmina é chamada de raque; fixadas à raque e mais ou menos opostas umas às outras, estão pares de folhas chamadas pinas. As frondes jovens são chamadas de báculos e expandem-se por desenrolamento.
- esporófilos apresentam na face abaxial, pequenos pontos escuros chamados soros, que são reuniões de esporângios. Estes podem ou não estar protegidos por uma película chamada indúsio.

Soros de uma pteridófita, na face abaxial da folha. Soros são agrupamentos de esporângios, estruturas formadoras de esporos. Foto: Silvia Schaefer

Plantas Vasculares com Sementes e sem Frutos

São as plantas conhecidas popularmente como pinheiros ou gimnospermas. Geralmente de grande porte.

Pinheiro da espécie Araucaria bidwillii. Observar a espessura do tronco. Foto: Silvia Schaefer

• As Gimnospermas são plantas vasculares como os ciprestes, as sequóias e os pinheiros.
• São as primeiras plantas a apresentarem sementes, o que significa proteção e alimento para o embrião. Importância evolutiva desta estrutura: sobrevivência mesmo em condições ambientais desfavoráveis. Por isso as espermatófitas (plantas com sementes) são as dominantes.
• Possuem flores e sementes, mas não apresentam frutos. “Sementes nuas”, não envolvidas por frutos.
• São as plantas vasculares mais altas do mundo: até 117 m de altura e 11 m de diâmetro.
• Em geral, as estruturas reprodutivas masculinas e femininas encontram-se na mesma árvore (monóicas). Algumas são dióicas (plantas masculinas e plantas femininas separadas como a Araucaria angustifolia ou pinheiro-do-paraná).
• Os elementos reprodutivos se reúnem em estróbilos, que são as flores das gimnospermas.
• São as primeiras plantas a terem independência da água para reprodução:
- Esporos masculinos, através do vento, chegam à parte feminina da planta.
- Os esporos germinam e o gameta masculino (células espermáticas) chega ao feminino (oosfera) através do tubo polínico. Gametas masculinos não flagelados.

• Existem quatro divisões de gimnospermas atuais:
- Cycadophyta (cicas);
- Ginkgophyta (ginkgo);
- Gnetophyta (gnetófitas);
- Coniferophyta (coníferas).

Divisão Cycadophyta

Plantas popularmente conhecidas como cicas, muito usadas para paisagismo.

Exemplar da Divisão Cycadophyta, planta ornamental do gênero Cyca. Foto: Silvia Schaefer


• Plantas semelhantes a palmeiras, encontradas em regiões tropicais e subtropicais. (Diferença: palmeiras não apresentam crescimento secundário e cicadáceas sim).
• Maioria são plantas grandes (atingem até 18 m de altura). Em alguns casos o caule é subterrâneo, ficando apenas as folhas para fora.
• Muito antigas (apareceram a cerca de 320 milhões de anos – coabitaram a Terra com os dinossauros, período em que elas eram mais abundantes.
• São plantas freqüentemente tóxicas (agentes cancerígenos e neurotóxicos).
• São plantas dióicas (sexos separados).

Estróbilo de Cyca, divisão Cycadophyta.

Divisão Ginkgophyta

São árvores de grande porte conhecidas como ginkgo.

Folhas labeladas da planta Ginkgo biloba, divisão Ginkgophyta.


• Único representante vivo é a planta da espécie Ginkgo biloba, com folhas labeladas, crescimento lento, podendo atingir 30 m de altura ou mais.
• Diferente da maioria das outras gimnospermas, o ginkgo é decíduo (perde as folhas em alguma estação). Suas folhas tornam-se douradas antes de cair.
• São particularmente comuns na China e Japão. Como é muito resistente à poluição, é bastante cultivado em áreas urbanas.
• São plantas dióicas, ou seja, de sexos separados.

Árvore da espécie Ginkgo biloba.

Semente de Ginkgo biloba.

O ginkgo é considerada uma planta medicinal, pois apresenta substâncias que combatem os radicais livres e auxiliam na oxigenação cerebral.

Nomes populares: Nogueira-do-Japão, árvore-avenca, ou simplesmente ginkgo.

Divisão Gnetophyta


• Habitam geralmente regiões deserticas ou áridas do mundo.
• Seus estróbilos têm, às vezes muita semelhança com inflorescências de angiospermas, indicando que há um ancestral comum entre os grupos.
• Esta divisão apresenta cerca de 70 espécies distribuídas em 3 gêneros:


Gnetum:

É um gênero que inclui árvores e trepadeiras, com folhas grandes, muito parecidas com as das dicotiledôneas. Encontradas na maioria das regiões tropicais.

Planta do gênero Gnetum, uma gimnosperma da Divisão Gnetophyta. Observe que suas folhas são muito parecidas com as das dicotiledôneas.

Sementes de Gnetum e seus estróbilos.

Ephedra:

É composto por arbustos com folhas pequenas e caules aparentemente articulados. Lembra o gênero Equisetum (pteridófita).

Exemplares de Ephedra, uma gimnosperma da Divisão Gnetophyta.
Detalhe dos estróbilos de Ephedra, gimnosperma da divisão Gnetophyta.


Welwitschia:

É provavelmente a planta vascular mais estranha que se conhece. A maior parte da planta fica enterrada no solo. Ela produz apenas duas folhas, de crescimento contínuo. Vive em desertos da África.

Exemplar do gênero Welwitschia, uma gimnosperma da Divisão Gnetophyta.

Planta do gênero Welwitschia, da Divisão Gnetophyta. Observe os estróbilos, estruturas comuns em gimnospermas.


• Alguns representantes dos 3 gêneros produzem néctar e são visitados por insetos (fato incomum em gimnospermas).

Divisão Coniferophyta

São conhecidas como coníferas.

Folhas (acículas) do pinheiro bunia, da espécie Araucaria bidwillii, família Araucariaceae, divisão Coniferophyta. Foto: Silvia Schaefer


• Grupo atual de gimnospermas mais numeroso e com distribuição mais ampla.
• Pertencem a esta divisão as plantas mais altas do mundo: as sequóias (Sequoia sempervirens), podendo atingir 117m e diâmetro de mais de 11m.
• Incluem também os pinheiros e abetos.
• As coníferas surgiram no final do Período Carbonífero, a 290 milhões de anos (era Paleozóica). Diversificaram-se muito no período Permiano, entre 286 a 248 milhões de anos atrás.
• As folhas das coníferas atuais apresentam muitas características xeromorfas, por causa da aridez mundial típica da época em que se desenvolveram.

Os Pinheiros
Os pinheiros são as espécies mais comuns de coníferas. Dominam amplas extensões no hemisfério norte, em locais de clima temperado. Também são amplamente cultivas no hemisfério sul.
Suas folhas são aciculares, crescendo em grupos (fascículos) de 1 a 8 folhas, dependendo da espécie. Os fascículos são protegidos na base por escamas foliares.
Em geral, são perfeitamente adaptadas a crescerem em condições áridas:
A epiderme é recoberta por uma espessa cutícula. Abaixo da epiderme encontra-se uma camada de células de paredes espessadas e arranjadas de forma compacta (hipoderme). Os estômatos são afundados, abaixo da superfície da epiderme. O mesófilo é atravessado por ductos resiníferos.
As folhas (acículas) são retidas durante vários anos. Como não são trocadas todos os anos, recebem muito mais injúrias (seca, frio, poluição) que as folhas de plantas decíduas.
O crescimento secundário do caule começa cedo, no início do desenvolvimento da planta. Cascas (periderme): formadas pelo câmbio da casca.

As principais famílias são:
Pinaceae
Taxodiaceae
Cupressaceae
Podocarpaceae
Araucariaceae

No Brasil, só ocorrem representantes nativos das famílias Podocarpaceae (duas espécies de Podocarpus) e Araucariaceae (uma espécie de Araucaria). Todas as outras espécies de coníferas que existem aqui, são exóticas, provenientes de outros países.

Família Pinaceae


• Plantas arbóreas ou arbustivas lenhosas, com folhas aciculares dispostas em espiral. Em certos gêneros (Pinus, Cedrus, Larix) estas apresentam-se em fascículos (grupos). Cada grupo é protegido na base por escamas foliares.

Folhas aciculares (acículas) de Pinus, família Pinaceae, divisão Coniferophyta.

A pinha (ou estróbilo para os botânicos) é o órgão das plantas da divisão Pinophyta onde se encontram as estruturas reprodutivas. As pinhas lenhosas que estamos habituados a ver são na verdade flores diferenciadas. Nas Gimnospermas, a pinha é orgão reprodutor onde são formados os micrósporos (Pólen) e os megásporos (célula-mãe do óvulo), diferenciando-se em espécie por tamanho, que no caso de estróbilo feminino são maiores em relação aos estróbilos masculinos. É errado, porém, afirmar que a pinha é o fruto, já que essa espécie de vegetal produz sementes "nuas" (Gimno = nuas; Spermas = semente), não protegidas por fruto, característica essa típica das Angiospermas. Por vezes, usa-se também a palavra cone para designar estas estruturas, não só para o grupo dos pinheiros, mas também para as restantes gimnospérmicas.
• O megasporofilo transporta dois óvulos, e é protegido por uma folha estéril, a escama de cobertura. É o estróbilo, estrutura de reprodução feminina.

Estróbilo feminino de Pinus, também conhecido como pinha.


• Flores masculinas em densos estróbilos alongados; cada microsporofilo transporta dois sacos polínicos (microsporângios).

Estróbilos masculinos de Pinus. São estruturas menores que os estróbilos femininos.


• Sementes muitas vezes aladas (Pinus, Cedrus).
• Esta é a maior família de gimnospermas vivas, com centro de dispersão no hemisfério norte. Pinus é o maior gênero com cerca de 90 espécies.

Família Taxodiaceae


• Família relativamente pequena, com 10 gêneros, composta essencialmente por plantas lenhosas arbóreas, com um único gênero nativo no hemisfério sul (Tasmânia).

Conifera do gênero Sequoia, uma árvore que pode atingir tamanhos impressionantes. São consideradas as árvores mais altas do mundo.


• Folhas pequenas, aciculares ou escamiformes, com disposição espiralada.
• Plantas com sexos separados, formando estróbilos masculinos laterais pequenos. Cada microsporofilo transporta de 2 a 9 microsporângios.

Estróbilos masculinos (microstróbilos) do gênero Taxus, são pequenos e formados lateralmente nos ramos.


• Estróbilos femininos terminais. Cada megasporófilo transporta um óvulo. Cone maduro, constituído pelas escamas de cobertura, que protegem de 3 a 9 óvulos.

Conífera do gênero Taxus apresenta sementes rodeadas por uma cúpula carnosa vermelha, chamada arilo. O arilo atrai pássaros e outros animais que se alimentam e dispersam a semente.


• Destaque: dois gêneros da América do Norte: Sequoiadendron e Sequoia. O primeiro atinge tamanhos gigantescos e idade de cerca de 4.000 anos.

Família Cupressaceae


• Segunda maior família do grupo: com 16 gêneros e 140 espécies distribuídas em todo o mundo, principalmente no hemisfério norte. Nenhuma é nativa no Brasil.

Exemplar da conifera cipreste, gênero Cupressus.


• São plantas lenhosas de porte arbóreo ou mais raramente arbustivo.
• Folhas em geral pequenas, escamiformes, de disposição oposta, revestindo completamente os ramos novos.

Gênero Cupressus. Observar os estróbilos e as folhas em forma de escamas.


• Plantas monóicas.
• Estróbilos masculinos pequenos, terminais ou laterais, isolados ou em grupos. Cada microsporofilo transporta freqüentemente 4 microsporângios.
• Estróbilos femininos terminais em ramos curtos, pequenos, com escamas ovulíferas transportando de 2 a 12 óvulos.

Estróbilo de cipreste (Cupressus)

Cones pequenos, os menores dentre as coníferas, lenhosos ou carnosos (Gênero Juniperus).

Exemplar do gênero Juniperus.
Família Podocarpaceae


• Único gênero é o Podocarpus, com distribuição predominantemente no hemisfério sul (Brasil e África) e com poucas espécies.

Exemplar de Podocarpus, uma gimnosperma da família Podocarpaceae.


• Folhas pequenas (exceto P. sellowii do Brasil, com folhas largas).
• As sementes são produzidas isoladamente.
• Flores femininas (estróbilos) terminais em ramos curtos especiais, óvulo com envoltório carnoso na base, que se desenvolve na semente madura, como um pedúnculo carnoso (daí a origem do nome do gênero).

Sementes de Podocarpus. São revestidas com um tecido carnoso.


• Flores masculinas reunidas em densos estróbilos. Cada microsporofilo transporta dois sacos polínicos (microsporângios).
• As plantas são de sexos separados.
• No Brasil duas espécies:
- P. lamberti com distribuição limitada à zona de Araucaria, nos Estados do sul do Brasil. Ele faz parte da Mata de Araucaria, é uma árvore de pequeno porte que atinge de 8 a 14 m.
- P. sellowii mais raro, ocorre ao longo da Serra do Mar e na região amazônica.

Família Araucariaceae


• Plantas arbóreas de grande porte, com folhas pequenas, alternas, em geral densamente dispostas e em certos casos imbricadas.

Araucaria angustifolia, pinheiro da família Araucariaceae, Divisão Coniferophyta.

• Plantas de sexos separados, ou seja, existem plantas macho e plantas fêmea.
• Flores femininas reunidas em grandes e densos estróbilos com mais de duas centenas de flores.

Estróbilo feminino (cone) de Araucaria. Quando maduro, se abre para liberar as sementes (pinhões).


• O óvulo nasce na axila de um megasporofilo e é protegido por uma folha estéril, a escama de cobertura, que envolve e encerra o óvulo fecundado. Assim, o cone maduro é composto por unidades isoladas (pinhão).

Sementes de Araucaria, os pinhões. São muito utilizados para alimentação, principalmente no Sul do Brasil, cozido ou assado na chapa.


• Estróbilos masculinos longos, onde cada microsporofilo transporta 8 microsporângios alongados.

Estróbilo masculino de Araucaria. Formado na ponta do ramo, é bem menor do que o feminino.


• Família exclusiva do hemisfério sul, com dois gêneros:
- Araucaria: duas espécies no sul da América. A. araucana (sul do Chile e Argentina). A. angustifolia (sul do Brasil e território de Missiones, Argentina).
- Agathis: nativo da Austrália.

Grupo das Angiospermas

São plantas vasculares com sementes, com flores e com frutos.

Planta manaca-da-serra (Tibouchina mutabilis), uma típica angiosperma, que apresenta flores, frutos e sementes. Foto: Silvia Schaefer

As flores são amplamente reconhecidas pela sua beleza, perfume e colorido. Diferentes dos estróbilos (pinhas) das gimnospermas, que são lenhosas, as flores verdadeiras presentes nas angiospermas utilizam seu colorido e perfume para atrair polinizadores e otimizar a polinização e posterior fecundação.

A característica diferencial deste grupo é a preseça de sementes inseridas dentro de frutos. Isto é possível, pois os óvulos se desenvolvem dentro do ovário da flor. Após a fecundação, o ovário originará o fruto e o óvulo originará a semente.

A flor tem um papel evolutivo fundamental para este grupo. Seu colorido, perfume e néctar, atraem os mais variados agentes polinizadores, como insetos, pássaros, morcegos e o próprio ser humano. Estes agentes se alimentam do néctar e do próprio pólen e, em troca, levam os grãos de pólen de uma flor para outra, favorecendo a fecundação entre plantas de diferentes materiais genéticos, gerando variabilidade genética entre os indivíduos de cada espécie.

Polinização pela abelha Apis mellifera (entomofilia) e uma flor do gênero Emilia, família Asteraceae. Foto: Silvia Schaefer

O fruto significa para as angiospermas a possibilidade de proteção da semente e dispersão das mesmas para locais distantes da planta mãe, fator fundamental para a diminuição da competição entre indivíduos com o mesmo material genético.

A maioria dos frutos servem como alimento para animais, que digerem estes frutos e liberam as sementes em suas fezes. Estas, por sua vez, germinam e originam novas plantas.

As Angiospermas constituem o maior grupo de plantas atualmente vivente, ocorrendo praticamente em todos os biótopos do planeta, predominando na maioria das comunidades vegetais. Estima-se que existam cerca de 250.000 - 300.000 espécies distribuídas em aproximadamente 10.000 gêneros e 300 famílias.

As angiospermas são todas as plantas da Divisão ANTHOPHYTA ou MAGNOLIOPHYTA

São divididas em duas classes, de acordo com o número de cotilédones em suas sementes:

Classe Dicotyledonae (MAGNOLIOPSIDA): as dicotiledôneas

Classe Monocotyledonae (LILLIOPSIDA): as monocotiledôneas

Características - Divisão Magnoliophyta

Grupo composto por vegetais lenhosos ou herbáceos;
Podem ser:

- Anuais (que completam o ciclo de vida em 12 meses, ou seja, germinam, florescem, formam frutos, sementes e morrem em um ano);

- Bianuais ou bienais (que tem ciclo de vida de 24 meses. Crescem vegetativamente no primeiro ano e florescem e dão frutos no segundo ano.)

- Perenes (com ciclo de vida longo, que pode durar muitos anos. São também chamadas de permanentes).


• Alternância de gerações pouco perceptível (geração sexual – fase gametofítica – reduzida a poucas células ou núcleos);
• Órgão sexuais protegidos por perianto, inseridos em brotos especiais, as flores;
• Flores hermafroditas (os dois sexos na mesma flor) ou unissexuais (flores apenas femininas ou apenas masculinas);
• Órgãos sexuais masculinos: estames (antera, filete e conectivo);
• Órgãos sexuais femininos: carpelos (diferenciados em estigma, estilete e ovário);
• Óvulo: saco embrionário contém uma oosfera.
• Grão de pólen: 2 núcleos reprodutivos e 1 vegetativo (formação do tubo polínico);
• Fecundação dupla: um núcleo reprodutivo fecunda a oosfera (embrião). O segundo fecunda os núcleos polares do óvulo (endosperma).

Formação do fruto e semente:
• Ovário, após a fecundação forma o fruto.
• Óvulo, após a fecundação forma a semente. O óvulo está inserido dentro do ovário. Consequentemente, a semente está inserida dentro do fruto.

Características da flor

Divisão Magnoliophyta

Para a compreensão da classificação das plantas da Divisão Magnoliophyta, é essencial que se tenha um conhecimento detalhado sobre as características da flor. A taxonomia das angiospermas é, em grande parte, baseada nestas características.

Por definição, temos que a flor é o órgão que reúne as estruturas reprodutivas das Angiospermas (Divisão Magnoliophyta).

Desenho esquemático de uma flor verdadeira (Divisão Magnoliophyta). Carpelo (gineceu), estame (androceu), pétala, sépala, receptáculo floral, pedúnculo floral. Imagem: Silvia Schaefer.

Na maioria dos casos, as flores são estruturas férteis protegidos por folhas estéreis especiais, cujo conjunto é chamado de flor (flor verdadeira, diferente das gimnospermas que possuem estróbilos).

A flor é sustentada pelo pedúnculo ou pedicelo, cuja porção superior é alargada e constitui o receptáculo, que porta os apêndices estéreis (sépalas e pétalas) e os apêndices férteis (estames e carpelos) da flor.

São formadas por séries concêntricas de elementos:
- Externamente as sépalas, constituindo o cálice;
- Em seguida, as pétalas formando a corola;
- Estames, constituindo o androceu;
- No centro, o ovário que forma o gineceu.

Estrutura básica de uma flor verdadeira (angiospermas): antera, filete, estigma, estilete, ovário, pistilo, pétala, sépala, receptáculo. Imagem: Silvia Schaefer.

Quando não se podem distinguir as sépalas das pétalas (a não ser pela posição), chamamos tépalas e ao conjunto, denominados perigônio.

Ao conjunto de sépalas e pétalas, denominamos perianto.

Nas páginas seguintes, veremos detalhes da classificação da flor quanto a:

  • Sépalas e pétalas
  • Gineceu
  • Androceu

Sépalas e Pétalas - Flor Magnoliophyta

Classificação das flores quanto às sépalas e pétalas.

Sépalas

Geralmente de cor verde, formam o cálice da flor e nos estágios iniciais de desenvolvimento envolvem as outras estruturas do botão floral.

Flor dialissépala: sépalas livres entre si. Ex: Lírio.

Flor gamossépala: sépalas unidas entre si. Ex: Ipê de jardim.

Flor dialipétala. Lírio. Gênero: Lilium, família Liliaceae. Foto: Silvia Schaefer
Flor gamopétala. Ipê de jardim. Espécie: Tecoma stans. Família Bignoniaceae. Foto: Silvia Schaefer

Perianto: conjunto de sépalas e pétalas de uma flor.
Perigônio: conjunto de tépalas. Quando não se podem distinguir as sépalas das pétalas (a não ser pela posição), chamamos tépala.


Pétalas

Geralmente coloridas, localizam-se internamente ao cálice e formam a corola.

Flor dialipétala: quando as pétalas são livres entre si

Flor gamopétala: quando as pétalas estão unidas entre si.

Classificação das flores quanto ao número de pétalas

Dímeras (2 pétalas). Típicas de dicotiledôneas.

Trímeras (3 ou múltiplo de 3 pétalas). Típicas de monocotiledôneas. Ex: lírio.

Tetrâmeras (4 ou múltiplo de 4 pétalas). Típicas de dicotiledôneas. Ex. hortência.

Pentâmeras (5 ou múltiplo de 5 pétalas). Típicas de dicotiledôneas. Ex: hibisco.

Flor dímera.
Flor trímera. Sisyrinchium micranthum, família Iridaceae. Foto: Silvia Schaefer
Flor tetrâmera. Hortência, gênero Hydrangea, família Hydrangeaceae.

Flor pentâmera. Guanxuma, Gênero Sida, família Malvaceae. Foto: Silvia Schaefer

Flor - Características gerais

Flores monóclinas ou díclinas

Monóclina ou Hermafrodita: quando a flor apresenta androceu e gineceu.

Díclina ou unissexual: quando a flor apresenta só androceu (estames) ou só gineceu (ovário).
Só estames (díclina masculina): flores estaminadas.
Só ovários (díclina feminina): flores carpeladas.

Imagem (desenho esquemático) de uma flor monóclina ou hermafrodita, que apresenta androceu e gineceu. Imagem: Silvia Schaefer.

Imagem (desenho esquemático) de uma flor unissexual diclina masculina, que apresenta apenas androceu. É uma flor estaminada. Imagem: Silvia Schaefer.

Imagem (desenho esquemático) de uma flor unissexual diclina feminina, que apresenta apenas gineceu. É uma flor carpelada. Imagem: Silvia Schaefer.

Flores diclamídeas, monoclamídeas ou aclamídeas

Diclamídea: quando a flor é completa (sépalas, pétalas, androceu e gineceu).
Monoclamídea: Quando um dos envoltórios externos (pétalas ou sépalas) está ausente.
Aclamídea ou nua: quando a flor é formada apenas por estames ou ovário.

Gineceu - Flor Magnoliophyta

É a parte feminina da flor.

O gineceu, tipicamente consta do ovário e de um prolongamento, o estilete. No ápice do estilete encontra-se o estigma, região receptiva para o pólen.

Estrutura do gineceu de uma flor: receptáculo floral, ovário com óvulo no seu interior, estilete e estigma.

O ovário é a porção alargada da base do carpelo que contém um ou mais lóculos, de acordo com o número de carpelos que o formam.

O carpelo é cada compartimento (lóculo) do ovário que contém um ou mais óvulos. O gineceu apresenta um ou mais carpelos.

O número de óvulos contido em cada lóculo é bastante variável e de grande importância para a identificação taxonômica da flor, principalmente ao nível de família e subfamília.

Carpelos

Quando um único carpelo está presente, dizemos que a flor possui um ovário simples.

Quando mais de um carpelo está presente, pode ser:
Apocárpico: formado por vários carpelos livres entre si. Cada carpelo é monolocular, isto é, constituído por apenas um lóculo.
Sincárpico: formado por vários carpelos unidos entre si.

Imagem dos tipos de carpelos existentes nas flores: simples, apocárpico ou sincárpico.

Classificação quanto ao número de lóculos:

Unicarpelar / Unilocular: quando apenas um carpelo está presente, e este carpelo apresenta apenas um lóculo.

Pluricarpelar / Unilocular: quando mais de um carpelo está presente, mas o conjunto de carpelos apresenta uma única abertura interna, ou seja, apenas um lóculo. Neste caso, cada estilete conduz ao mesmo lóculo comum.

Pluricarpelar / Plurilocular: quando mais de um carpelo está presente, e cada um dos carpelos apresenta um lóculo correspondente. Neste caso, cada estilete conduz ao seu lóculo particular correspondente.

Imagem mostrando a classificação quanto ao número de carpelos e lóculos do gineceu. A flor pode ser: unicarpelar / unilocular, pluricarpelar / unilocular, pluricarpelar / plurilocular.
Gineceu - Flor Magnoliophyta

A parte feminina da flor, o gineceu, pode ser classificado segundo a posição do ovário em relação ao receptáculo e a posição do hipanto em relação ao ovário.

Posição do ovário

Caráter de importância taxonômica, principalmente na classificação das ordens e famílias:
Ínfero (ovário abaixo do plano do receptáculo).
Semi-ínfero (ovário acima do plano do receptáculo, parcialmente envolto por ele, mas sem fusão).
Súpero (ovário acima do plano do receptáculo).

Imagem da estrutura de uma flor de ovário ínfero. Esta mesma flor também é classificada como epígina.

Imagem da estrutura de uma flor de ovário semi-ínfero. Esta mesma flor também é classificada como perígina.

Imagem da estrutura de uma flor de ovário súpero. Esta mesma flor também é classificada como hipógina.

Posição do hipanto

Circundando o ovário, pode existir uma estrutura em forma de taça denominada de hipanto, originária do receptáculo ou então da fusão entre sépalas, pétalas e estames.
- Hipógina (não possui hipanto). Sépalas, pétalas e estames estão abaixo do ovário. Neste caso o ovário é sempre súpero.
- Perígina (apresenta hipanto). Sépalas, pétalas e estames fundem-se, envolvendo o ovário, mas não unindo-se e ele. A inserção das sépalas, pétalas e estames é abaixo do ovário (que é semi-ínfero).
- Epígina (possuem hipanto). Inserção das sépalas, pétalas e estames é acima do ovário (que é ínfero).

Óvulos apresentam dois envoltórios (tegumentos externo e interno).

Androceu

É a parte masculina da flor.

O androceu consta do conjunto dos estames de uma flor. Constituído pelo filete, que contém dois microsporângios (tecas). As duas tecas formam a antera e são reunidas entre si pelo conectivo.

Imagem (desenho esquemático) do estame de uma flor. Constituído pela antera, que é formada por duas tecas, unidas uma à outra pelo conectivo. O conjunto fica na extremidade superior do filete. Imagem: Silvia Schaefer.

A antera é parte fértil do estame onde serão produzidos os grãos de pólen.

Imagem (desenho esquemático) do corte transversal de uma antera jovem, mostrando os sacos polínicos com as células mãe no seu interior. Revestindo a antera externamente temos a epiderme e internamente, o endotécio. O tapetum reveste cada saco polínico. Imagem: Silvia Schaefer.

Imagem (desenho esquemático) do corte transversal de uma antera madura, mostrando as câmaras polínicas com os grãos de pólen no seu interior. Imagem: Silvia Schaefer.

Grão de pólen

- Célula binucleada (núcleo vegetativo e núcleo reprodutivo) cercada por duas membranas: a exina (mais externa) e a intina (mais interna).

- A exina apresenta rugas que permitirão a fixação no estigma, para posterior fecundação.
- O grão de pólen é um esporo (micrósporo). Ainda não é o gameta masculino do vegetal. Este é formado dentro do tubo polínico, quando o núcleo reprodutivo se divide, formando dois anterozóides.

Imagem (desenho esquemático) de um grão de pólen. Constituído por dois núcleos (o reprodutivo e o vegetativo), pelos poros, exina (revestimento externo) e intina (revestimento interno). Imagem: Silvia Schaefer.

Classificação quanto a o número de estames:


Monostêmone – Um único estame por flor;
Polistêmone – Vários estames por flor.


Isostêmone - quando o número de estames é igual ao número de pétalas;
Anisosêmone - quando o número de estames é diferente do número de pétalas.


Gamostêmone - quando os estames são fundidos uns com os outros;
Dialistêmone - com os estames são livres, não fundidos.

Classe Dicotyledonae (Magnoliopsida): as dicotiledôneas

São as angiospermas que desenvolvem duas folhas cotiledonares (dois cotilédones) no embrião, dentro da semente. Estas são localizadas lateralmente, sempre opostas. Podem servir como órgão de reserva da semente.

Imagem de uma dicotiledônea, a flor azaléia, da espécie Rhododendron simsii, família Ericaceae. Foto: Silvia Schaefer

Em geral apresentam crescimento secundário na raiz e caule (meristemas responsáveis: câmbio e felogênio).
As folhas da maioria apresentam nervação reticulada (peninérvea).
Flores organizadas em plano dímero, tetrâmero ou pentâmero, ou seja, apresentam 2, 4, 5 pétalas, ou seus múltiplos.
Raízes pivotantes (raiz principal com raízes seundárias).

Segundo o sistema de classificação Cronquist (1968)

• Contém 6 subclasses, 56 ordens, 293 famílias e aproximadamente 165.000 espécies.
• Subclasses: Magnoliidae, Hamamelidae, Caryophyllidae, Dilleniidae, Rosidae e Asteridae.
• As subclasses podem apenas ser caracterizadas em termos de generalidades e não precisamente definidas geneticamente, devido à diversidade existente.

Classe Magnoliopsida - Subclasses

A seguir veremos de forma resumida as características das subclasses pertencentes à Classe Magnoliopsida (dicotiledôneas).

Magnoliidae: forma um grupo basal, do qual todas as outras Angiospermas derivaram. Contém as famílias consideradas mais primitivas. As principais ordens são: Magnoliales, Laurales, Piperales.

Hamamelidae: são principalmente anemófilas (polinização pelo vento), com flores reduzidas, geralmente apétalas e reunidas em amentos (espiga pendente, com flores saindo de toda a extensão do eixo principal). As principais ordens são: Hamamelidales, Fagales, Urticales.

Caryophyllidae: tendência à placentação central (óvulos fixos a um eixo central) ou basal (único óvulo fixo à base do ovário unilocular). Pigmentos (betalinas) restritos ao grupo. Poucas são gamopétalas (pétalas unidas entre si). Ordem: Cariophyllales.

Dilleniidae: geralmente mais que um óvulo em cada lóculo. Raramente apresenta disco nectarífero de origem estaminoidal. Várias famílias mais avançadas são gamopétalas. As principais ordens são: Malvales, Nepentales, Violales, Capparales, Primulales.

Rosidae: estames numerosos. Grupos mais avançados: tendência a lóculos uniovulados. Característica marcante: disco nectarífero no receptáculo. Maioria dialipétalas (pétalas livres entre si). Poucas gamopétalas ou apétalas. As principais ordens são: Fabales, Rosales, Myrtales, Euphorbiales, Sapindales, Geraniales, Polygalales.

Asteridae: engloba maior número de famílias com flores gamopétalas. Óvulos unitegumentados. Considerada a mais derivada (evoluída) das dicotiledôneas. As principais ordens são: Gentianales, Rubiales, Solanales, Lamiales, Asterales.

Classe Monocotyledonae (Lilliopsida): as monocotiledôneas

São as angiospermas que desenvolvem no embrião da semente uma única folha cotiledonar (um cotilédone), com função absorvente (transferindo as reservas do endosperma para o embrião).

Foto de uma monocotiledônea, a orquídea-bambu, uma orquídea da espécie Arundina bambusifolia, família Orchidaceae. Foto: Silvia Schaefer


Caules e raízes não apresentam crescimento secundário.
Os vasos condutores encontram-se dispersos no caule.
Folhas com nervuras paralelas (paralelinérveas), com bainha larga.
Flor organizada de acordo com plano trímero, ou seja, apresentam 3 pétalas ou múltiplos de 3 (6, 9 e assim por diante).
Raízes do tipo fascicular, como uma "cabeleira", ou seja, muitas raízes, todas aproximadamente do mesmo diâmetro e comprimento. Nenhuma se destaca em tamanho sobre as outras.

Segundo o sistema de classificação Cronquist (1968)

• Contém 5 subclasses, 18 ordens, 61 famílias e aproximadamente 55.000 espécies.
• Cada subclasse tende a explorar um nicho ecológico diferente.

Subclasses: Alismatidae, Arecidae, Commelinidae e Liliidae

Classe Liliopsida - Subclasses

A seguir veremos de forma resumida as características das subclasses pertencentes à Classe Magnoliopsida (monocotiledôneas).

Alismatidae: é o grupo basal das monocotiledôneas. São principalmente aquáticas. Sistema radicular bastante reduzido e pouco lignificado. Principais ordens: Alismatales e Hydrocharitales.

Arecidae: folhas grandes e pecioladas. Freqüentemente arborescentes, flores agrupadas em espádice (espiga com eixo espesso, carnoso, protegido por uma bráctea bem desenvolvida – copo de leite). Principais ordens: Arales, Arecales.

Commelinidae: redução floral e polinização anemófila. Algumas epífitas, com o ovário ínfero (bromélias). Principais ordens: Commelinales, Zingiberales, Bromeliales, Cyperales.

Liliidae: polinização entomófila. Apresentam tubérculos e bulbos em maior proporção que as demais. Mecanismos polinizadores altamente complexos, como em Orchidaceae. Principais ordens: Liliales, Orchidales.

Um comentário:

  1. Muito bom o BLOG!! Parabéns!!
    Você sabe se existe algum exemplar completo da Flora Brasiliensis aqui no Brasil?
    Abraços

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